CDU quer "política cultural pública" no Porto

A cabeça de lista da CDU (PCP/PEV) à Câmara do Porto, Diana Ferreira, defendeu esta terça-feira uma “política cultural pública” na cidade, que considerou estar dependente da empresa municipal Ágora, e um vereador autónomo para o setor.
“Há a questão de ser uma empresa [Ágora] a determinar, no fundo, o programa cultural. Entendemos que deve estar na responsabilidade da vereação da cultura, e que há outro elemento que não existe e consideramos importante: a participação de todos os trabalhadores da cultura, mas também dos artistas, dos criadores, mesmo não sendo trabalhadores da câmara, na definição das políticas culturais da cidade”, explicou a candidata.
Diana Ferreira, que procura manter a representação da CDU no executivo municipal, falava à margem de uma ação de contacto com trabalhadores do Batalha — Centro de Cinema, local a partir de onde defendeu uma menor “concentração no centro histórico” de espaços dedicados à cultura.
“Há zonas da cidade praticamente desertas de polos culturais desta natureza. Isto tem de se multiplicar, tem de se inserir nas comunidades, seja pelos trabalhadores nas diferentes freguesias seja pelo movimento associativo. O movimento associativo popular tem um papel importante na democratização do acesso à cultura e desporto e deve ter essa valorização e proximidade”, afirmou.
Abrir este setor “a todos” e não direcionar a programação “para uma elite”, mesmo sem confundir “cultura com entretenimento”, é uma das propostas assentes no manifesto para esta área, que reúne assinaturas “de mais de 80 personalidades”, com um conjunto de propostas e reivindicações.
Entre elas está a autonomização da vereação da cultura, até aqui assumida pelo atual presidente da câmara, Rui Moreira, a reativação do Conselho Municipal de Cultura e outras medidas já discutidas na campanha, como a maior abertura de Serralves e a Casa da Música à cidade.
Uma das críticas deixadas por Diana Ferreira prende-se com a divulgação do trabalho cultural na cidade, cuja agenda não deve estar “nas mãos de uma empresa municipal”, mas antes ser mais abrangente e mostrar mais do que se faz no Porto.
“Preocupa não só porque é uma concentração reduzida, [mas também porque] não envolve de forma significativa o tecido associativo, apenas pontualmente. Também não envolve muitas estruturas, muitos artistas, e isso é determinante”, notou.
Além de defender uma maior articulação dos espaços municipais com escolas, crianças e jovens, “em continuidade” ao longo da escolaridade obrigatória, Diana Ferreira mostrou-se “muito solidária” com a greve marcada pelos trabalhadores da Ágora – Cultura e Desporto.
“Há questões de salários, carreira, e vínculos, de muitos trabalhadores municipais, mas também muitos que trabalhando para o município estão externalizados, que tem de ser resolvida, desde logo com a internalização destes trabalhadores, definição de salários e progressão de carreira que possam ter efetiva progressão”, apontou.
Por isso, reivindicou “35 horas para todos, subsídio de penosidade e insalubridade para quem cumpre requisitos, porque há trabalhadores que têm e outros não, e valorizar carreiras e progressão”.
Os trabalhadores da Ágora — Cultura e Desporto do Porto agendaram para sexta-feira um dia de greve, incluindo uma vigília, na Praça da Trindade, pelas 10:30, tendo convidado as listas candidatas às eleições autárquicas, de domingo.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU – coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro – coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto – independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas realizam-se no domingo.
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